14 janeiro 2015

Unbroken



“We beat them by making it to the end of the war alive. 
 That’s our revenge.” 







Na sua pausada cadência e no seu agitado turbilhão, são várias as cenas em “Unbroken” que nos marcam. Pela sua violência. Pela sua força. Pelo seu desespero. Pela sua resistência. Pela sua superação. 

Numa, após longa tortura, Louie Zamperini é arrastado pelos seus captores, forçado a despir-se e a ajoelhar-se enquanto espera o que julga ser a sua morte certa. Vemos somente o seu rosto. Disforme de lágrimas, marcado pelo pormenor de músculos contraídos em desespero e dor. Depois, atiram-lhe com baldes de água: foi tudo uma encenação, mais um acto de tortura psicológica. Confirmo, no instante, a inegável e impressionante expressividade de Jack O’Connell, que se firma a cada momento do filme. Senhor de uma irrepreensível interpretação, daquelas raras que nos roubam o fôlego e nos tiram os pés do chão com a sua tamanha entrega e crueza! 






Não menos admirável, mas ainda assim menos perfeita, é a realização de Angelina Jolie. Emotiva mas sóbria, subtil contudo agreste, soube dar corpo à impressionante história de Louie Zamperini, sem cair no esquema “America rules” ou “bigger than life” que tanta força e nobreza lhe retiraria. Denotei apenas alguma artificialidade nalguns momentos, como na “reabilitação” de Louie ou na sua reunião com a família após a Guerra ou mesmo o seu comentário quando é capturado pelas forças japonesas, mas nada de propriamente relevante que manche a elegância e sensibilidade do filme no seu conjunto. 


“Unbroken” despede-se com as imagens de Zamperini a correr nos Jogos Olímpicos de Tóquio, transportando a tocha olímpica. No seu rosto lê-se ainda a persistência das suas convicções, a coragem dos seus actos, a resiliência do seu carácter. Recordo novamente a vívida composição de O’Connell. O misto de emoção e frieza que foi a realização de Jolie. E acredito que “Unbroken” fez justiça à sua notável história.


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