31 janeiro 2017

Rogue One


Sentimo-nos em casa. É, sem dúvida, um regresso reconfortante ao espírito dos seus "sucessores", definitivamente melhor conseguido que o episódio VII.

E, incrivelmente, Rogue One, é o filme mais díspar de toda a saga! O espírito de aventura e fantasia, ainda que bem presentes, são relegados para segundo plano, dando-se primazia a uma envolvência mais dramática, constante e necessária ao longo de toda a narrativa!
"Revoltas são construídas na esperança" e, acrescento, no sacrifício, e é esta viagem que nos é apresentada de forma consistente, emotiva e arrebatadora!

Assente num bom argumento e numa protagonista forte, Rogue One oferece-nos uma história convicente e empolgante, que nos faz sentir próximos das suas personagens e destinos de modo agradavelmente genuíno!

19 janeiro 2017

Passengers



(A seguinte crítica contém spoilers...)


Banalidade a bordo...





Que desencanto, que desilusão! Com uma premissa surpreendentemente acutilante e controversa, o filme é destruído pela sua própria preguiça em desenvolver a narrativa para além de uma básica e pálida história de amor! Depois, não se decide quanto ao que quer ser: romance, acção/catástrofe ou drama?! É que não consegue ser nenhum de forma convincente!

O grande trunfo do filme fica a pairar, sem concretização, apenas um breve comentário: "These are not questions for a robot, Jim!".
Fica assim apresentado o confronto ético que poderia distinguir o filme: a ânsia de companhia, de uma ligação, de contacto humano que quase enlouquece Jim, leva-o, num acto maior de egoísmo, a despertar a "sua" Bela Adormecida e esperar pelo conto de fadas! Que acontece, ainda que efémero, despedaçado por uma inconfidência andróide!
E aqui o filme espalha-se ainda mais ao comprido! Desperdiça completamente o potencial da sua narrativa, ao desvalorizar o conflito moral e ético da decisão de Jim pela companhia de salvamento da nave que, numa penada sem sentido, termina igualmente na reconciliação dos amantes!

E bem, voltamos a ter conto de fadas! O problema é que até o mais simples conto de fadas possui, em menor ou maior escala, uma lição de moral a retirar..."Passengers", por sua vez, navega apenas num vazio banal, preguiçoso e até perverso, simplesmente insignificante e deplorável!


09 janeiro 2017

Amor Impossível



Por mais de uma vez, a protagonista faz uso de "O Monte dos Vendavais": relê-o após uma briga com o namorado, defende-o apaixonadamente na apresentação de um trabalho, incorpora-o profusamente quando declama, de forma visceral, "Eu sou Heathcliff"! E por mais de uma vez, recordei o quanto odiei "O Monte dos Vendavais" e a sua narrativa de "amor" obsessiva e abusiva! Aquilo nunca foi amor, somente uma relação destrutiva, e também destrutiva é a relação que "Amor Impossível" nos apresenta.






É a ilusão do amor, o amor pelo amor, que Cristina persegue tão vividamente? E o que move Tiago senão o sentimento de posse por si só, o ter e possuir alguém? E quando tudo se complica, quando tudo desaba, o que acontece?

A caracterização deste caótico relacionamento é sólido e cativante; Victoria Guerra e José Mata foram capazes da intensidade que tal retrato pedia, numa narrativa que se foi afirmando como consistente e interessante! O meu grande problema com o filme foi sem dúvida a tentativa de paralelismo entre o casal protagonista e o casal de inspectores da PJ. Para além de me escapar o motivo desta opção, nunca achei que fosse bem conseguida ou até minimamente interessante, acabando apenas por prolongar em demasia a duração do filme e distrair-nos da história principal (e, por outro lado, desacreditar ligeiramente o trabalho de investigação...)!





"Amor Impossível" é, neste aspecto, um filme um pouco desequilibrado. Contudo, desenvolve de forma capaz e séria a sua premissa principal, numa narrativa fervorosa que nos consegue prender, ainda que não absolutamente, no seu sucessivo acumular destrutivo de paixão e obsessão!