15 abril 2012

Chuva Dramática



Não são raras as vezes em que o cinema se abriga sob a chuva em momentos de grande intensidade narrativa. A chuva abençoou a paixão do beijo em The Notebook, caiu quase tão ameaçadora quanto o ataque do T-Rex em Jurassic Park, desabou desafiadora no ataque a Helm’s Deep em LOTR: The Two Towers.





Mas nem sempre…em Seven, o climax ocorre sob a bênção de um dia brilhante de Sol. Parece que foi uma mera casualidade, uma questão de continuidade. Contudo, gosto de pensar que este foi um outro toque de perversidade num dos thrillers mais perturbadores e obsessivos das últimas décadas.


09 abril 2012

The Hunger Games



May the odds be ever in your favor.





Um subtexto promissor com uma sátira social bem incisiva. Uma primeira parte desenvolvida impecavelmente, de narrativa fluida e cativante. Jennifer Lawrence radiante e audaciosa. Stanley Tucci histericamente divertido. E depois chegam os Jogos…e, perdoem-me o trocadilho, não fiquei faminta por mais. Não sei se por falhas ou condicionalismos da obra original (que, confesso, não conheço), se por pressões de tempo/dinheiro, o facto é que a segunda parte se desenrola de forma apressada e desequilibrada. Assim, é incapaz de nos fazer preocupar verdadeiramente pelo destino das personagens secundárias e, pior, atira a protagonista para uma relação amorosa no mínimo duvidosa e, parece-me, contra a sua própria natureza. The Hunger Games. Gostei mas não me impressionou. No fundo, falta-lhe aquilo que mais precisaria: chama.

01 abril 2012

Florbela




Turbilhão na alma, tumulto no coração. Sôfrega de vida, ávida de paixão, mente despedaçada em inquieta insatisfação. 




É assim a Florbela de Vicente Alves do Ó. Aliás, Bela, a mulher, porque Florbela, a poetisa, só no fim nos encanta com os seus versos. A poesia pertence assim a Vicente Alves do Ó, um sonho dentro de um sonho, num filme visualmente esplêndido e, pela sua natureza, deliciosamente subjectivo. Contudo, apesar da grandeza da imagem, este não seria o mesmo sem Dalila Carmo, simplesmente arrebatadora, fúria e amor em constante colisão! Albano Jerónimo e Ivo Canelas, não obstante a necessidade de um desenvolvimento mais completo das suas personagens, são, ainda assim, seus magníficos companheiros. 




“Ser poeta é ser mais alto…” e aqui reside talvez a falha maior do filme. Alguma soberba contamina este retrato; para mim, visível principalmente naquela premonição sob a neve. No entanto, tal não é, felizmente, definidor do filme, uma obra ousada e bela, sedutora e contagiante no seu âmago, espelho de uma mulher fora do seu tempo.