25 novembro 2010

Harry Potter and The Deathly Hallows


[spoilers]



Despedida, mágoa, separação, tristeza…são tempos deveras negros e dolorosos, estes que antecedem o último ano em Hogwarts. Mas Harry Potter não vai para Hogwarts. Nem Ron. Nem Hermione. Tudo está mudado. Dumbledore morreu. Voldemort prepara o seu reinado de terror. Há apenas uma esperança. Encontrar as Horcruxes e destruí-las. E assim destruir Voldemort. Mas quando a última esperança se afigura como desoladamente gargantuesca e inalcançável, um misto de desespero, perseverança e sacrifício instala-se. E é esse espírito que vemos em Harry e Ron, olhando determinados para o horizonte, para a jornada que se aproxima…e é esse olhar que vemos em Hermione quando, comovida, apaga as memórias dos seus pais para os proteger e se afasta do seu lar, num início de filme mais poderoso, tocante e revelador do que qualquer um dos seus antecessores!




“Harry Potter and The Deathly Hallows” restaurou quase completamente a minha fé na adaptação cinematográfica. Bastou a sombria introdução para perceber que finalmente uma abordagem mais adulta e complexa estava em curso: ao destacar o sacrifício de Hermione, quando no livro é apenas uma referência, Yates consegue amplificar o temível ambiente causado pela ameaça de Voldemort e, apesar disso, a maturidade e coragem que os três protagonistas tão inocentemente demonstram. Embora talvez o mais sonante, não foi, felizmente, um momento único. A cena (totalmente improvisada) de dança entre Harry e Hermione, ao som de Nick Cave, mostrou uma rara sensibilidade, uma deleitável prova da profunda amizade que os une, enquanto as as interacções entre os 3 protagonistas foram capazes de ilustrar tanto a lealdade, a amizade e o amor presentes como a desconfiança, as inseguranças e os confrontos que inevitavelmente iriam surgir ao longo desta relação.
A narrativa corre assim, fluida, dramática e terrífica, pontuada por breves momentos de humor (valha-nos Ron e os seus irmãos gémeos!) e conseguindo condensar, de modo quase perfeito, a extensa história que, com as suas diferentes mitologias, lendas, subtemas e personagens, dá vida ao hercúleo, complexo e fascinante sétimo volume, provavelmente o meu preferido! Contudo, e daí a minha hesitação inicial, sente-se uma alarmante incompletude em pelo menos dois pontos, para mim essenciais: Severus Snape, figura crucial a partir do sexto livro, e com um inimaginável e surpreendente papel neste último, é relegado novamente para a invisibilidade, aparecendo justamente por breves minutos; a descrença de Harry em Dumbledore e o consequente conflito interior entre a busca pelas Horcruxes e a demanda pelos Talismãs da Morte são pobremente desenvolvidos, perdendo-se, com estas duas fraquezas, muita da necessária intensidade e tensão para o culminar da narrativa.




Se o argumento peca por estas duas grandes falhas, a nível técnico, pelo contrário, o filme é irrepreensível! Efeitos especiais extraordinários e doseados, sem se sobreporem à história, e totalmente ofuscados pela melancólica, dramática, lúgubre e saturada fotografia, num belíssimo trabalho do “nosso” Eduardo Serra!
Em termos interpretativos, terei que destacar o magnífico trabalho de Emma Watson que domina todas as cenas, criando como nunca uma verdadeira Hermione, sensível, inteligente, destemida, perspicaz!
Nota final para a deslumbrante sequência do conto d’Os Três Irmãos, em inesperada animação, deveras hipnotizante!

“Harry Potter and The Deathly Hallows” conseguiu, nesta sua primeira parte, fascinar-me com a sua refrescante e adulta perspectiva, urgentemente necessária, fazendo esquecer a malfadada adaptação anterior! Apesar de algumas pontas soltas, aguardarei (ansiosamente) até Julho para dar o meu veredicto final!
Termino com o sincero desejo que a saga encerre em grande, numa homenagem épica à fabulosa e inesquecível obra de J.K. Rowling!




18 novembro 2010

É hoje!



The Dark Lord Ascending


"Yaxley. Snape," said a high,clear voice from the head of the table, You are very nearly late."
The speaker was seated directly in front of the fireplace, so that it was difficult, at first, for the new arrivals to make out more than his silhouette. As they drew nearer, however, his face shone through the gloom, hairless, snake-like, with slits for nostrils and gleaming red eyes whose pupils were vertical. He was so pale that he seemed to emit a pearly glow. "






"I have been careless, and so have been thwarted by luck and chance, those wreckers of all but the best laid plans. But I know better now. I understand those things that I did not understand before. I must be the one to kill Harry Potter, and I shall be."


"Harry Potter and The Deathly Hallows"





17 novembro 2010

Parabéns...Martin Scorcese




"Movies touch our hearts and awaken our vision,
and change the way we see things.
They take us to other places, they open doors and minds.
Movies are the memories of our lifetime
We need to keep them alive."



Taxi Driver (1976)



Goodfellas (1990)



Cape Fear (1991)



Gangs of New York (2002)


The Aviator (2004)


15 novembro 2010

Momentos (XIII)


[Spoiler para The Departed]




E a propósito do post anterior, não me podia esquecer
desta intensa cena de "The Departed",
na qual "Comfortably Numb" se insere de modo belo e perfeito...



* Não é o original dos Pink Floyd, antes uma versão de
Roger Waters com Van Morrison (pessoalmente, prefiro o original)



The child is grown
The dream is gone
I...Have become comfortably numb


13 novembro 2010

Música no Coração (VI)




Comfortably Numb

Pink Floyd - Live 8


Por onde hei-de começar?

Pela penetrante e intimista letra?
Pela paixão e intensidade das vozes
de David Gilmour e Roger Waters?
Pela simultaneamente psicadélica
e serena melodia?
Pelos solos de guitarra, no mínimo arrebatadores, de David Gilmour?


Conheci-os através da colecção de velhinhos vinis e CDs do meu pai...foi amor à primeira nota! ;)

E que bem me lembro de assistir a este concerto pela televisão, completamente rendida e arrepiada! E ver os meus pais, ao meu lado, absolutamente emocionados com esta reunião!



David Gilmour, Roger Waters, Nick Mason, Richard Wright
Live 8, Londres, 2005


12 novembro 2010

Secret Window




Paranóia, demência, ilusão...o que esconde o negro e misterioso conto "A Janela Secreta"?

De uma premissa forte e prometedora passa-se para um desenrolar medíocre que apenas consegue manter o seu suspense até um certo ponto. Nem a música é capaz de inspirar um ambiente verdadeiramente inquietante. Johnny Depp tem uma boa interpretação, mas nada mais.

Não desgostei de "Secret Window", contudo soube-me a pouco. Com grande pena minha, confesso. Não conheço o livro original, de Stephen King, por isso nem sei se será minimamente justo compará-lo com "The Shining". Mas esse pensamento começou a instalar-se...e ao relembrar-me da genialidade conjunta de Kubrick e Nicholson...bem, aí é que "Secret Window" se revela como uma séria desilusão!



This is not my beautiful house.
This is not my beautiful wife.
Anymore.

11 novembro 2010

As Escolhas dos 20...as minhas razões


Uma iniciativa do Cineroad


O Drama por excelência...
Taxi Driver: Possivelmente, não será considerado um filme dramático, no sentido mais clássico do termo. Mas o perturbante filme de Scorcese não deixará ninguém indiferente, com toda a certeza! Brilhantemente escrito, magistralmente realizado e excelentemente protagonizado, “Taxi Driver” é um cru e brutal ensaio sobre a condição humana, personificado por um homem desesperadamente só, assoberbado por um mundo em decadência.
Intenso, arrepiante, demente!

O Musical que define o género...
Moulin Rouge: Verdade seja dita, não sou muito conhecedora de musicais, faltando-me ainda vários clássicos. Contudo, “Moulin Rouge” foi para mim algo de transcendente, apaixonante, arrebatador! Talvez seja mais apropriado vê-lo como uma redefinição do género, um filme que, sem sombra de dúvidas, revolucionou o musical e lhe deu um novo ânimo!

O melhor filme de Animação...
The Lion King: Emocionante, belo, inspirador! Um hino ao amor, à família, à natureza, num filme tão cómico quanto trágico! Simplesmente memorável, entusiasmante e enternecedor! E um filme marcante da minha infância! Que bem me lembro de me deslumbrar com a glória e beleza da cena inicial, de me comover com a morte de Mufasa, de me assustar com a cena do cemitério dos elefantes e de me rir com o Timon e Pumba, vezes e vezes sem conta!

O Biopic dos biopics...
The Pianist: Um filme arrepiante e chocante, pela verdade que encerra, pelo horror de uma realidade não tão distante assim; porque, de facto, julgamos impossível tal maldade, tal desrespeito, tal desprezo pela vida humana…Polanski filma com uma genialidade inegável e Brody protagoniza com uma entrega assombrosa! The Pianist é até muito mais que um biopic…é um comovente, imperdível e magnífico clássico!

O filme que define os últimos 3 anos de cinema...
Revolutionary Road: Porventura uma escolha pouco consensual…e também a mais difícil para mim. Admito que, em último caso, foi uma questão de gosto: Revolutionary Road foi um dos filmes que mais me tocou nestes 3 últimos anos; possui uma sensibilidade e paixão que me atraíram, as interpretações de Kate Winslet, Leonardo di Caprio e Michael Shannon são simplesmente magníficas e a complexa e tensa abordagem ao casamento fascinou-me!

10 novembro 2010

As Escolhas dos 20



"20 Escolhidos revelam 5 escolhas que definem a 7ª Arte."


Roberto Simões, autor do blog "Cineroad", organiza mais uma interessante e desafiadora iniciativa! E teve a amabilidade de, novamente, me convidar a participar...


Curiosos? Então visitem o "Cineroad" e
descubram as minhas 5 escolhas!

09 novembro 2010

"The 'Dead' has spread!"




Que grande, grande série!


Prematuro? Talvez…afinal está apenas no seu 2ºepisódio!
Mas The Walking Dead já me conquistou!


Vibrante, aterrorizante, violenta, sangrenta, excitante!

E muito, muito gore!


06 novembro 2010

Franklyn





Sombria e nebulosa, uma paisagem urbana impõe-se, embalada por ténues sons de esperança. De edifícios góticos e contudo futuristas, de uma cidade saturada e alternativa, um vigilante mascarado surge, misterioso e determinado: nesta noite tem uma missão a cumprir em Meanwhile City.
A escuridão é substituída pelo céu cinzento de Londres. Três personagens distintas, Emilie, Milo e Peter, vagueiam em desespero, partilhando a dor de uma incessante e infrutífera procura.

Intrigante e com uma premissa entusiasmante, “Franklyn” acaba por prometer mais do que realmente consegue oferecer. Se no aspecto visual é facto bem sucedido, a nível do argumento desilude, não conseguindo desenvolver de forma satisfatória a narrativa cruzada, tornando-se confuso. Que pena, de facto, se até se vislumbravam algumas semelhanças com “V for Vendetta”, no que diz respeito ao tom reflectivo e negro do filme.
Salva-se então a já referida estética e a excelente interpretação de Eva Green, sempre carismática!

De promissor a desapontante, assim definiria eu “Franklyn”! Que infeliz reviravolta…




The storyteller was so used to his fantasies
that no matter how good his reality was,
it was never enough. Would never be enough.