25 abril 2010

Capitães de Abril


“Capitães de Abril” foi um filme marcante para mim, que me impressionou e emocionou, e, já agora, o primeiro filme português que vi no cinema.

Lembro-me bem da sequência inicial, a ilustrar o horror da Guerra do Ultramar, e do que me fez sentir. Lembro-me de admirar e de me comover com a pessoa que foi Salgueiro Maia, um exemplo de honra, coragem, sensatez e integridade! (E destaco a sua interpretação por Stefano Acorsi, uma grande mais-valia deste filme!) Lembro-me de exultar com o relato da Revolução, deste passado ainda tão próximo, que não pode nunca ser esquecido!
Assim, este foi um filme que teve definitivamente um impacto em mim, do qual gostei imenso! De facto, não resisto a revê-lo em DVD ou quando passa na televisão.

A esta distância, tenho que dizer que o filme tem alguns defeitos, como a deficiente dobragem de voz e algum desequilíbrio no desenvolvimento da parte mais ficcional da história.

Contudo, a “base” da primeira impressão mantém-se. Para mim, é um filme especial. Para além da interpretação de Stefano Acorsi, tenho de realçar a beleza da banda sonora, a cargo do Maestro António Vitorino d’Almeida! (que tem também um pequeno, mas inesquecível, papel no filme).
Acima de tudo, sente-se ao longo de todo o filme a (devida) homenagem ao capitão Salgueiro Maia, numa composição inspirada e belíssima! E, em última instância, aos capitães de Abril e ao povo português que sofreu e lutou pela liberdade do nosso país!
Por isso termino exclamando: “Viva o 25 de Abril! Viva a Liberdade!”

19 abril 2010

Momentos (VI)



Romeo: Did my heart love 'til now? Forswear its sight.
For I never saw true beauty 'til this night.



Juliet: And when I shall die, take him and cut him up in little stars,
and he will make the face of heaven so fine that all the world will fall in love with night
and pay no worship to the garish sun.



Juliet:
O Romeo, Romeo, wherefore art thou Romeo? Deny thy father and refuse thy name, or if thou wilt not, be but sworn my love, and I'll no longer be a Capulet.
Romeo: Shall I hear more, or shall I speak at this?
Juliet: 'Tis but thy name that is my enemy, thou art thyself though not a Montague. What is Montague? It is nor hand, nor foot, nor arm, nor face, nor any other part belonging to a man. Oh, what's in a name? That which we call a rose by any other word would smell as sweet; so Romeo would, were he not Romeo called, retain that dear perfection to which he owes without that title. Romeo, doff thy name!
And for thy name, which is no part of thee, take all myself.





Romeo:
Is love a tender thing? It is too rough, too rude, too boisterous,
and it pricks like thorn.

03 abril 2010

Viagem por entre as palavras de Saramago



"Não me aceitas, não me perdoas, Não te aceito, não te perdoo, quero-te como és, e, se possível, ainda pior do que és agora, Porquê, Porque este Bem que eu sou não existiria sem esse Mal que tu és, um Bem que tivesse de existir sem ti seria inconcebível, a um tal ponto que nem eu posso imaginá-lo, enfim, se tu acabas, eu acabo, para que eu seja o Bem, é necessário que tu continues a ser o Mal, se o Diabo não vive como Diabo, Deus não vive como Deus, a morte de um seria a morte do outro, (...)"


in "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", José Saramago



"(...) não fales, Blimunda, olha só, olha com esses teus olhos que tudo são capazes de ver, e aquele homem quem será, tão alto, que está perto de Blimunda e não sabe, ai não sabe não, quem é ele, donde vem, que vai ser deles, (...) adeus Blimunda que não te verei mais, e Blimunda disse ao padre, Ali vai minha mãe, e depois, voltando-se para o homem alto que lhe estava perto, perguntou, Que nome é o seu, e o homem disse, naturalmente, assim reconhecendo o direito de esta mulher lhe fazer perguntas, Baltasar Mateus, também me chamam Sete-Sóis."

"Ninguém pode ver a sua própria vontade, e de ti jurei que nunca te veria por dentro, mas tu, Baltasar Sete-Sóis, minha mãe não se enganou, quando me dás a mão, quando te encostas a mim, quando me apertas, não preciso ver-te por dentro. Se eu morrer antes de ti, peço-te que me vejas, Morrendo tu, vai-se a vontade do corpo, Quem sabe."

in "Memorial do Convento", José Saramago




A desconstrução da História.

A desconstrução da Religião.

As subtilezas. O pormenor.

O simbolismo.

A ironia. O sarcasmo. A perspicácia.

O amor.

A realidade.

O sonho.

02 abril 2010

Thou Shall Not Crave...?




Provocatória, no mínimo, continua a campanha para a terceira temporada de True Blood!

O desejo cresce...

Shutter Island



Teddy Daniels:
Which would be worse, to live as a monster or to die as a good man?



Um claustrofóbico, desorientador e sufocante mergulho pelas complexidades da mente humana! Contudo, por mais contraditório que possa parecer, “Shutter Island” respira beleza, uma perturbadora, intocável e demente beleza!

Scorcese realiza com uma visão de mestre, imprimindo um classicismo profundo a esta obra, com uma aura de mistério e tensão hoje tão rara de se ver e sentir!
Leonardo di Caprio é simplesmente prodigioso e inesquecível, arrancando uma conturbada e magnética interpretação! Refiro também a imensa qualidade das prestações de Ben Kingsley, Michelle Williams e Jackie Earle Haley!
Por último, destaque para a memorável, bela e tensa banda sonora que enriquece ainda mais a atmosfera carregada de ansiedade, medo e loucura de “Shutter Island”!
Um verdadeiro clássico, um excelente e magnífico filme!


01 abril 2010

House M.D.



"Everybody lies"




House M.D. é uma das minhas séries preferidas! Acompanho-a desde o seu início e a verdade é que nunca deixou de me surpreender, estabelecendo-se pela sua incursão curiosa e original ao mundo da medicina, pelos seus argumentos de uma enorme qualidade e criatividade e pelo carisma e perfeição de Hugh Laurie no papel do controverso, irreverente, anti-social, brutalmente honesto e racional Dr. House!

Como uma pequena introdução a quem não conhece a série: o mote é um bizarro caso clínico, o qual cabe a House e à sua equipa resolver, através de um sequencial jogo de racionalidade e dedução! Uma espécie de Sherlock Holmes moderno, como já tantas vezes foi comparado, se substituirmos o mundo do crime pelo dos diagnósticos! Pois, de facto, são estas capacidades que House preza na resolução destes verdadeiros quebra-cabeças clínicos, tanto que evita completamente o contacto com os seus pacientes, uma vez que ele acredita piamente que “Toda a gente mente!”. Para além disso, House tem ainda um problema de dependência com analgésicos, devido às dores fortes e constantes na sua perna!
Termino dizendo que é de facto uma personagem nada convencional, com métodos ainda menos convencionais!

Hoje revi um episódio da primeira temporada, “Three Stories”, o qual me motivou então a escrever um texto dedicado à série!
“Three Stories” é, para mim, um dos melhores episódios de House M.D., não só da 1ª temporada, como de todas as seis! Não me querendo alongar muito, direi apenas que é um dos episódios mais brilhantemente escritos e interpretados, assim como um dos mais pessoais: através de 3 histórias de diagnósticos relatados por House numa aula, aprofundamos não só a sua inconformista e lógica técnica de diagnóstico, como, acima de tudo, desvendamos um pouco do passado de House! Simplesmente genial!

House M.D. é uma fascinante e inteligente série, que me deslumbra a cada episódio, graças principalmente ao argumento hábil e à prestação excepcional de Hugh Laurie! E claro, à própria personalidade da personagem House, à primeira vista intragável, tanto pelas suas características pessoais como profissionais, mas que acaba por ser verdadeiramente intrigante e atraente!


"Treating illness is why we became doctors.

Treating patients is actually what makes most doctors miserable."


A 6ª temporada de House é transmitida pela Fox às segunda-feiras,
pelas 21h30, e pela TVI às quinta-feiras.